Hoje falamos de água. Recurso imprescindível à existência de vida, a água é um recurso finito que não se distribui de forma homogénea pelo nosso globo e o advento das alterações climáticas tem vindo a baralhar o seu ciclo, com consequências ainda imprevisíveis.
Esta verdade incontornável conduz-nos a um desafio gigante para um uso racional e cada vez mais otimizado, não apenas em favor das nossas necessidades biológicas, mas também na sua presença nos mais diversos sectores da nossa vida em sociedade, dos quais os jardins são parte integrante.
Da mesma forma que nós não podemos viver sem água, também os jardins não existem sem ela. Na vertente paisagística, a sua presença deve contemplar desperdícios nulos e toda a sua utilização criteriosamente prevista.
A água num jardim pode, portanto, marcar a sua presença de 3 diferentes formas:
Irrigação – a mais comum e incontornável forma de presença de água num jardim. Sem irrigação, o coberto vegetal não tem como se desenvolver. É elemento chave no planeamento do jardim (ver “a estrutura de um jardim”).
Um sistema de rega bem dimensionado é amigo do ambiente, na medida em que possibilita um uso sustentável dos recursos hídricos disponíveis, salvaguardando problemas relacionados com escassez a médio/longo prazo.
Regulação da temperatura atmosférica – a água é um termorregulador por excelência pelas suas propriedades intrínsecas, e é utilizada em jardins com esse propósito há séculos.
No complexo de palácios do Alhambra, na cidade andaluza de Granada, podemos encontrar um dos expoentes máximos do uso da água para arrefecimento de áreas externas, como pátios de jardins.
Elementos como espelhos de água, pequenos canais, repuxos, que funcionavam apenas por ação gravítica, combinados com jogos de sombras, permitiam uma redução da elevada temperatura atmosférica envolvente até 4°C. Essa sensação térmica de maior frescura é conseguida pela evapotranspiração da água presente, conduzindo a um aumento da humidade atmosférica local.
Sensorial/estética – além da mencionada regulação térmica do ar atmosférico que a água possibilita, existem outros aspetos sensoriais que podem ser despertados em maior ou menor grau pela presença daquela: o que vemos e o que ouvimos.
O uso de planos de água, pela sua componente refletora, pode criar contextos visuais esteticamente muito interessantes. De outra forma, repuxos, fontes e quedas de água, que induzem o seu movimento, promovem uma sonoridade de fundo num contexto, por si só, já repleto de vida.
É importante perceber que estes elementos, quando aplicados num jardim, devem estar devidamente dimensionados e apoiados por tecnologia que permita anular desperdícios de água, com uso de sistemas cíclicos de recirculação (no caso de fontes, repuxos e quedas de água), ou que, no pior dos cenários minimize a sua perda.
Sumariamente podemos aferir que água e jardins são indissociáveis, porém, e pela dependência que estes têm deste recurso natural, a sua presença, para além de indispensável, deve ser sempre alvo de ponderação e avaliação técnica.
Escrito por Herbert Figueira
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